DesMOROnando... E DAÍ?
“Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos,
disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio
Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus
ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme
as suas obras.” (2 Coríntios 11:13-15)
Por vezes parece que no Brasil
vivemos um ano em um mês. Quando se trata do atual “governo” federal então...
Nunca na história deste país tivemos algo tão raso para nos representar, porém,
temos que reconhecer: com Bolsonaro e seu séquito, a “emoção” sempre é
garantida. Pobre do nosso povo que ainda
vive na era do romantismo. Idealiza heróis de tal maneira que se ilude com o
primeiro aventureiro disfarçado de salvador da pátria ou de pessoa cristã
(geralmente atrelada ao “ódio do bem” e seus apartheids). Bertold Brecht já
dizia “Infeliz a nação que precisa de heróis”.
Muitos ainda não se deram conta
de que quem realmente comanda o país é o Congresso. Mesmo se tivéssemos Jesus
Cristo em pessoa na presidência do país, ele pouco poderia fazer se não tivesse
maioria na Câmara.
Não é à toa que atualmente
Bolsonaro precisa fazer uma aliança demoníaca com o “famoso” CENTRÃO que conta
com aproximadamente 221 deputados da “velha política” que ele dizia ser contra
no período eleitoral – MUDA BRASIL DE VERDADE. O fato é que precisa garantir os
deputados necessários para não sofrer algum possível impeachment motivado pelas
acusações gravíssimas oriundas da saída polêmica de Sérgio Moro (agora
ex-ministro da Justiça) no dia 24 de abril que, por sua vez, se anexaram a
outras acusações de crimes passíveis de impeachment, totalizando 12.
Uma data que pode ser muito
significativa para o nosso país, pois pode representar o início do fim da Era
Bolsonaro. Eu disse “pode”. Basta que Rodrigo Maia acate um dos vinte e nove
pedidos de impeachment que foram protocolados até agora – um deles do deputado
federal Alexandre Frota, aquele ex-ator famoso de filmes peculiares. Em
política, tudo é possível.
Por hora, oremos para que Maia
não tenha algum “rabo preso” que o impeça de seguir adiante. Caso o processo
tramite, são necessários 342 deputados favoráveis ao impeachment para que este
siga ao Senado que conta com o “01” entre os seus (Flávio Bolsonaro). Aquele
que além do Queiroz (o sumido) tem outros amigos duvidosos na milícia carioca
(incluindo o falecido Adriano da Nóbrega) e que aumentou o próprio patrimônio
em quase 400% em 12 anos, vendendo “chocolates”.
Voltando ao 24 de abril, dia em
que o Brasil ficou escandalizado com o “Casos de Família” proporcionado pelo
casal Moro e Bolsonaro (no caso deste poderia ser “Casos de Familícia”).
Sérgio Moro é visto por muitos
como o “Paladino da Justiça”, de envergadura moral “inquestionável” e
provavelmente o candidato favorito da Rede Globo para concorrer à presidência
em 2022. Moro demonstrou (ou pelo menos tentou demonstrar) que estava “muito”
incomodado com a insistência de Bolsonaro para trocar o chefe da Polícia
Federal (PF) que na época era Maurício Valeixo – seu braço direito na Lava
Jato.
Conversas vazadas posteriormente
no Jornal Nacional – não é de hoje que Moro é ótimo em vazar conversas na Rede
Globo – revelaram que a ideia do “presidente” era colocar Alexandre Ramagem
(íntimo da Família Bolsonaro) no comando da PF, o que veio a quase se
concretizar nesta quarta-feira (29/04), no fosse o PDT ter entrado com um
pedido para impedir tal imoralidade junto ao STF (Superior Tribunal Federal).
Ministro Alexandre de Moraes? Nunca falei mal (risos)...
É notório que Bolsonaro quer
intervir na Polícia Federal para “blindar” os seus filhos diante do cerco que
está se fechando na CPI das Fake News que analisa a perseguição gerada pelo
“Gabinete do Ódio” em Brasília, através de criação de notícias falsas e
depreciativas a opositores do atual governo. A priori, a mira desta CPI está
apontada principalmente para o 02 (“Carluxo”) e para o 03 (Eduardo Bananinha).
Segundo Moro, Bolsonaro quer
intervir também nas superintendências de Pernambuco e Rio De Janeiro. Faz
sentido, para quem afirma e pensa que a constituição do país deve girar em
torno de seu próprio umbigo. Lembrando que em Pernambuco, a Polícia Federal
investiga um suposto esquema de candidaturas laranjas usado em 2018 pelo PSL –
partido que elegeu Bolsonaro presidente. No Rio de Janeiro, a PF investiga o
Flávio Bolsonaro (o 01) por um esquema conhecido como “rachadinha” – acerto
fraudulento de contratação de assessores sob condição de abrirem mão de parte
do salário em favor de quem os contratou.
Após ser aconselhado por Jorge
Oliveira (que era o preferido para ocupar o antigo cargo de Moro, uma vez que
também é extremamente íntimo do clã Bolsonaro), o “presidente” acabou adotando
um meio termo e nomeou André Mendonça que é aparentemente respeitável no meio
jurídico e... evangélico. Nada contra os evangélicos, o problema é que por
vezes Bolsonaro já admitiu querer alguém “terrivelmente” evangélico para o STF.
E na última eleição já tivemos uma amostra do que pode acontecer quando se
mistura política e religião. Nosso povo elegeu um idiota, surfando apenas na
crista da onda do antipetismo, amparado em fakes news, kit gay e mamadeira de
piroca. Algo tão absurdo quanto o seu próprio pronunciamento em 24/09.
Ao tentar se defender, Jair
Bolsonaro admitiu que quer de fato interferir na PF e que não vê mal nenhum
nisto. Fora as outras bobagens desconexas que disse e que não valoravam em nada
sua defesa: INMETRO, aquecedor da piscina do Palácio do Planalto, a
“doutrinação” ideológica na Educação (mais uma invenção), o quanto o Weintraub
é “injustiçado” (o MEC e nossa Educação nunca passaram tanta vergonha como
ultimamente), fez declaração de amor para Michele, falou do filho pegador no
condomínio (o 04), enfim... Só faltou falar do que realmente atrapalha a vida
de muitos: as NORMAS DA ABNT (risos).
Naquela mesma tarde, percebi que
estamos caminhando a passos largos rumo ao hexa: o dólar quase chegou a R$6,00.
Atingimos a marca histórica de R$5,73. É bom lembrar que em março, Paulo Guedes
(ministro da Economia), falou que o dólar só chegaria a R$5,00 se o governo
fizesse muita besteira. Cá estamos. Infelizmente, temos que aprender uma dura
lição, beber o cálice amargo de nossas péssimas escolhas em meio a uma
devastadora pandemia de Coranavírus que, por sua vez, tem cada vez mais
assombrado o mundo.
O “presidente”, ao invés de focar
em soluções para esta pandemia, fica criando toda a sorte de problemas, semana
após semana. Numa semana demite o ministro da Saúde (agora ex) Luiz Henrique
Mandetta porque este estava “brilhando” mais do que ele, uma vez que estava
trabalhando bem, fazendo o que é recomendado pela ciência e pela OMS
(Organização Mundial de Saúde). Na semana seguinte, este entrevero com Moro.
Por mais que por vezes eu
considere algumas falas do Paulo Guedes escrotas, como por exemplo, quando ele
dá as costas para o funcionalismo público como um todo, sem fazer distinção
entre as castas – na qual professores e outros são injustamente tratados com
párias –, devo admitir que a alta do dólar se deve, a princípio, pela pandemia
que logicamente afeta a economia como um todo, porém, certamente a saída de
Moro, da forma como foi estabelecida, mexeu com o mercado financeiro.
Moro mais uma vez presta um
desserviço à nação. Não se enganem com a fala de marreco e a cara de bom moço.
Concordo que a corrupção sempre deve ser combatida e que a Lava Jato já
devolveu cerca de 4 bilhões de reais aos cofres públicos e tem no horizonte a
devolutiva de mais uns 12 bilhões de reais aproximadamente, valor que é
extremamente alto para mim, professor e escritor, mas que certamente é
irrisório para o nosso país perto da quebra de muitas empresas que foram
atreladas de maneira indevida ao processo lavajatório, isso sem mencionar as
milhares de pessoas que ficaram desempregadas. O prejuízo estimado é de quase
150 bilhões de reais que impactaram diretamente o nosso PIB atual.
Gostem ou não, financeiramente, a
Lava Jato trouxe mais prejuízo do que benfeitoria ao nosso país, isso sem
mencionar as delações premiadas que serviram de prêmio para os verdadeiros
tubarões da nação. Sérgio Moro na época não deveria ser um “herói
anticorrupção”, ele na condição de juiz, deveria ser apenas técnico. E não foi.
A Lava Jato existiu para concretizar um projeto de poder que premiou
posteriormente Moro como ministro da Justiça que pretendia um lugar ao sol no
STF. Será que Moro desistiu deste lugar?
Não foi este o caso. Moro desde
sempre foi político. Essa é a verdadeira vocação dele. Ele aproveitou o momento
certo e surfou na onda antipetista para se vender para a mídia como um herói
anticorrupção (assim como Collor era caçador de marajás) e “conseguiu” rotular
o PT como detentor de toda a corrupção no país, como se todos os outros
partidos fossem compostos por querubins. Hoje sabemos mais claramente pelo
Intercept como tudo se deu por baixo dos panos, muito parecido com o modo como
as coisas são feitas em Brasília. Sérgio Moro combinava com o procurador
maneiras para incriminar Lula. O mínimo que esperamos diante de um juiz – que
Deus “me dibre” – é imparcialidade.
Moro não saiu do “governo”
Bolsonaro por ser um alecrim dourado em meio a tanta corrupção e manipulação da
PF. Se fosse assim, nem deveria ter aceitado o cargo de ministro, ninguém é
ingênuo a ponto de não saber a procedência de Bolsonaro, a ligação com milícia
desde antes de assumir o cargo. Mal começou o mandato e já estourou o caso
Queiroz. Por que permaneceu como ministro?
Moro foi oportunista na época da
Lava Jato e agora tenta se descolar do monstro que ele próprio criou. Moro é
uma espécie de Victor Frankenstein (vide a obra “Frankentein” da maravilhosa
Mary Shelley) fugindo de sua horrenda criatura construída com restos de
ditadores. Já sabemos que Moro condena sem provas, será que ele também acusa
sem provas? Creio que não, seria um erro muito juvenil para um juiz. Agora é
aguardar... Se não for envolvido em denunciação caluniosa, Moro (leonino e
egocêntrico que só ele) pode sonhar em concorrer à eleição presidencial em 2022
– se ainda tiver Brasil até lá.
Fato é que nem ele nem Bolsonaro
dão a mínima para a vida dos brasileiros, pois ambos deveriam estar focados na
crise social e de saúde que o país atravessa e não criar uma crise política em
um momento tão inoportuno.
Aliás, ao ser questionado sobre o
fato de superarmos a China em número de mortos, o “presidente” Jair Messias
Bolsonaro disse que era Messias, mas que não fazia milagres. Uma decepção para
a bancada evangélica que o elegeu e que via nele o próprio Messias. Certamente
bolsominions e moronetes não leram na Bíblia 2 Coríntios 11:13-15.
Por ironia do destino, Bolsonaro
que não é adepto do isolamento social, está cada vez mais isolado politicamente
e precisa urgentemente de 172 deputados favoráveis a ele para não ser
“impeachmado”. Talvez a democracia atualmente seja a forma mais perfeita de
ditadura, pois é legitimada pelo voto popular e dá a ilusão de que o povo tem
voz no Congresso através de seus supostos representantes.
NOTA DE REPÚDIO
Exatamente há cinco anos, mais
precisamente no dia 29/04/2015, professores paranaenses eram espancados pela
polícia militar na Praça Nossa Senhora de Salete, mais conhecida desde então
como Praça 29 de abril – no bairro Centro Cívico, em Curitiba –, a mando de
Fernando Francischini (defensor árduo de Bolsonaro e “secretário de Segurança”
do Estado do Paraná na época) e de Beto Richa (“governador” na época, conhecido
popularmente como Beto Racha e os 40 camburões). Os professores protestavam
pacificamente por terem seus direitos usurpados e por terem a Previdência
saqueada. Este roubo foi legitimado pela Assembleia Legislativa do Paraná.
Richa queria tapar o rombo de suas falcatruas e do dinheiro que havia desviado
da Educação. Desvio que ficou muito conhecido na Operação Quadro Negro. O tempo
é rei e os professores puderam ver o Beto Richa sendo preso ao menos por alguns
poucos dias. Afinal, Richa tinha um Gilmar Mendes para chamar de seu.
Atualmente, os professores seguem
com 20% de seus reajustes salariais atrasados, reajustes que devem andar em
consonância com a inflação. Isso é um direito e vale ressaltar, são acúmulos
dos últimos cinco anos, não são de agora (em plena época pandêmica) e impactam
diretamente no poder de compra, uma vez que o preço de tudo sobe, menos o
salário destes servidores. Não obstante, Ratinho Júnior (atual governador do
Paraná) estuda roer o auxílio-transporte dos professores neste período, uma vez
que já descontou 3% do salário dos mesmos (consolidando a defasagem salarial em
23%). Está roendo o salário dos professores e ainda quer que estes gastem luz,
internet e tempo preparando materiais e atividades avaliativas para os alunos?
Isso sem mencionar a pressão psicológica terrível que o Coronavírus tem causado
na sociedade como um todo.
Renato Feder (atual secretário da
Educação do Estado do Paraná), em meio a sua delirante Educação à distância
(EAD) está deixando a presença dos alunos condicionada a acessos à plataforma
Google Classroom. Provavelmente, esqueceu que nem todos nasceram em berço
esplêndido como ele.
Equidade é a palavra que melhor
define Educação não só neste momento, mas sempre. Conforme mencionei no meu
artigo QUANTO MAIS IDIOTA MELHOR: A “EDUCAÇÃO” DE FEDER X UM SONHO FINLANDÊS,
acredito que o acesso ao EAD por parte dos alunos deveria ser opcional e que o
calendário deve ser repensado quando a pandemia amenizar.
O atual período requer cuidados
extremos, precisamos pensar em nossa saúde física, mental e, principalmente,
precisamos repensar em nossa condição humana. Não é hora de nos
sobrecarregarmos com burocracias desnecessárias. Aliás, é uma boa oportunidade
para Ratinho Júnior e Renato Feder repensarem suas ações e tentarem evoluir
como seres humanos, desenvolvendo a empatia pelo próximo.
(Igor Veiga / PERIGOR)
Charge: Aroeira
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