ENTÃO É NATAL
Maldito 1995. Neste ano, estava
eu no alto do meus 14 anos. Não havia debutado em nada significativo ou
emocionante ainda. Estava descobrindo a vida. Bons tempos em que adolescentes
eram apenas adolescentes. Hoje, muitos deles são estrelas midiáticas,
“escrevem” autobiografias e são coaches que se atrevem a ditar estilos de vida
para uma manada seguidora. Mas, voltando ao início deste texto...
Exatamente em 1995, a cantora
Simone lançou o álbum “25 de dezembro” – alusivo ao Natal. O álbum foi um
sucesso, vendeu mais de 1 milhão e 500 mil cópias em português em menos de um
ano e meio; a versão em espanhol vendeu mais de 2 milhões de cópias. Sim,
naquela época se vendiam cd’s, acreditem. Não tenho quase nada contra a Simone,
inclusive a considero talentosíssima. Sim, naquele tempo, muitas cantoras eram
talentosas e sabiam cantar. A MTV transmitia músicas dos mais diversos estilos,
enquanto que na tv aberta já havia uma tendência para clássicos como “Na
boquinha na garrafa” e seus afins.
Afinal, por que 1995 foi um ano
maldito? Bem, foi um ano maldito porque a música “Então é Natal” do álbum “25
de dezembro” grudou no meu cérebro até hoje. Já fazem 24 anos. E quando já
estou quase esquecendo esta música, zaz... Vem ela brotando do rejunte de
qualquer lugar, quando menos se espera. E ela traz uma indagação de início que
me perturba um pouco: “Então é Natal e o que você fez?”.
Ótima pergunta. Fiz tanta coisa
este ano... Escrevi inúmeros poemas, conheci novas pessoas e lugares, lecionei
para alunos e palestrei para professores. Só não consegui honrar o regime e as
atividades físicas regulares que havia proposto a mim mesmo em 2018. Não perdi
quilos, mas perdi peso de “amigos” e “familiares” por questões políticas...
Eles não aguentam debater e começam a xingar, depois desfazem amizade no Face e
quando menos espero, estão lá me seguindo... Vá entender!? Outras pessoas do
meu círculo social, especialmente do trabalho, perdi por decepção mesmo, por
não comungar com falsidade, combinações secretas e falta de ética. Culpa da
minha formação e principalmente da minha criação. Fazer o quê?
Em 2019, pude também experimentar
a satisfação de ter meu livro MUNDO IN VERSO agraciado por novos leitores em
Curitiba, em algumas cidades do Brasil e até em lugares longínquos como Flórida
(EUA). A poesia sempre me reservando alegrias. Aliás, participei de diversos
projetos poéticos este ano que, felizmente, não cabem neste texto.
Contudo, penso que importante
mesmo, foi ter sobrevivido a este ano. Sobrevivido ao Governo Bolsonaro (âmbito
federal) e ao Governo Ratinho Júnior (âmbito estadual). Explico – se é que
preciso... Não preciso nem dizer que Bolsonaro é um dos maiores absurdos que
brotou na política até hoje. É alguém que não possui o mínimo de preparo, de
conhecimento para gerir o país. Aliás, está cercado de anti-intelectuais em sua
base que, por sua vez, adoram demonizar artistas de modo geral e professores.
As pessoas ignorantes – como num clipe de Thriller do Michael Jackson – parece
que caminham a passos largos e sincronizados para a burrice generalizada. O cômico
– se é que dá para achar graça nisso – é que Bolsonaro se elegeu sem nenhuma
plataforma de governo. Só falava que iria “liberar as armas”. Aí seu séquito o
elegeu, pensando que iria comprar armas. Hoje, nem carne come mais.
Provavelmente, a ceia de Natal deste ano terá como elemento principal ovo e
será regada à gemada e suco de laranja.
Sobre o Governo Ratinho Júnior,
posso aferir que este segue a cartilha de seu antigo mestre Beto Richa (aquele
da Operação Quadro Negro, conhecido também como “Beto Racha e os 40 camburões”)
e também de Bolsonaro, ou seja, cada vez mais trata a Educação como uma
mercadoria barata, perseguindo professores e roendo direitos adquiridos. E o
problema não é só a família do mesmo ser dona de meios de comunicação para
propagar suas verdades inventadas... O problema é que Ratinho Júnior tem cara
de bom moço criado a Mucilon. Coloca um “cabra” deste num terno para falar
qualquer coisa que seja, tem gente que acredita. Simples assim...
Para finalizar, quero salientar
que agradeço por este espaço ofertado pela Revista Curitiba Suburbana para
poder emitir minha opinião de modo livre sobre qualquer assunto, que não
necessariamente significa ser um assunto qualquer. Em tempos sombrios como
estes em que ainda temos que “esclarecer” se a Terra é redonda ou não, é
fundamental lermos, refletirmos, debatermos, mas tudo – como diria Marina Silva
– democraticamente.
Então é Natal, leitor(a)... E o
que você fez?...
(Igor Veiga / PERIGOR)
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