NÃO SEJA BURRO(A)!...
De uns tempos para cá, tenho
notado algo, de fato, alarmante. Algo que talvez não seja uma grande novidade
para algumas pessoas que chegaram a mesma conclusão que eu: estamos vivenciando
a Era da Burrice. Como tem gente burra no nosso país atualmente! Não que eu me
julgue algum hors-concurs da intelectualidade, mas pelo menos consigo falar
“barragem de rejeitos” sem grandes dificuldades.
Parece que a sociedade como um
todo é um grande espelho do governo atual. Diariamente parece que saem do
rejunte novos adeptos da imbecilidade. Duvida? É só dar uma passada pelas redes
sociais, em especial, no Facebook.
Não, não vou pregar algum falso
moralismo. Acredito que memes são úteis e divertidos na maioria das vezes. Vejo
testes do Face como ótimos aliados diante do marasmo cotidiano de uma fila de
banco, por exemplo. E como alguns dizem “O Face é meu, portanto, posto o que eu
quero” ou ainda “Se o Face fosse para postar coisas inteligentes, não seria
Face, seria tese de Mestrado”. Ainda assim, encontramos muita “cultura” no Face
através de frases filosóficas que legendam as fotos de gostosonas que insistem
em exibir suas silhuetas – fruto geralmente de horas de academia, não de
leitura.
Mas voltando ao assunto, o que
chama a atenção na burrice atual é o quanto perdemos a nossa capacidade de
comunicação. Teoricamente falando, para existir comunicação é necessário um
emissor (quem emite a mensagem) e um receptor (quem recebe a mensagem).
Muitas vezes, enquanto emissores
postamos algo para ser engraçado, irônico, sarcástico e simplesmente alguns
levam isso para o lado pessoal, se ofendem sem razão. Outras, postamos nossa
opinião e logo se cria uma confusão. Está falhando a comunicação... Será que
nós estamos falhando na emissão ou os outros na recepção? Ou os dois? A partir
disso, vem a maior burrice de todas: amizades são desfeitas e o distanciamento
(gelo) passa a ser inevitável.
Do ano passado para cá “perdi”
muita gente do meu convívio social (virtual e, pasmem, até real) por conta de
divergência de opiniões. Na maioria das vezes, divergências políticas. Sobre
isso, o tempo provou que eu estava certo, infelizmente. Mas incrível mesmo foi
ser banido de convívio por divergência sobre assuntos banais, como por exemplo,
o Funk. Já postei algumas coisas sobre este tema. Mas não tenho fixação por
ele, é bom que se diga.
Eu poderia apenas dizer que Funk
é uma bosta. Mas não farei isso, porque Funk não é uma bosta. O Funk original
do James Brown não. Agora, a deturpação do Funk que vemos em nosso país (“o
proibidão”), ah, esse eu considero algo de péssimo gosto, me desculpem. E não
necessito de razão para dizer isso, basta ter “ouvidos para ouvir”. Porém,
respeito o direito de quem quer encher o ouvido de esgoto cultural.
O fato é que teve gente – que eu,
a priori, até estimava – que simplesmente deixou de falar comigo apenas pelo
fato de eu não gostar deste tipo de “música”. Quem me conhece sabe que eu curto
o bom e velho Rock and Roll, porém, já me relacionei com pessoas que não
comungavam deste gosto e que certamente tinham suas preferências. Nem por isso
cortei as mesmas do meu círculo de amizades. Acho uma atitude infantil, uma
soberba extremamente burra. Algo como se achar mais do que se é, como se as
outras pessoas não fossem dignas de sua tão importante atenção. A vida é curta
para ficarmos de babaquice. Infelizmente, as pessoas confundem as coisas...
Aliás, estes dias até confudiram Pabllo Vittar com Neymar nos Estados Unidos.
Que fase!...
Não obstante, isso me lembra
outro caso curioso que ocorreu em 2016 em que vários visitantes do Museu de
Arte Moderna de San Francisco, no estado da Califórnia (EUA), confundiram um
par de óculos caído no chão como se fosse uma obra de arte. Sim, as pessoas
parece que perderam a noção do que é bom e do que é ruim, do que é arte e do
que não é.
Dizem que isso é questão de ponto
de vista (isso ainda me mata). E como diria (se não me engano) Leonardo Boff:
“todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Por isso, não seja burro(a) de
perder pessoas por uma mera discordância. O debate sobre qualquer assunto deve
ser visto como algo saudável, necessário e democrático. Aliás, a democracia é
uma delícia...
(Igor Veiga / PERIGOR)
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