REVERSO
“Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida...”
(Trecho do poema “Meus oito anos” de
Casimiro de Abreu)
Assim como o saudoso Casimiro,
sinto saudades da minha infância... Lembro da mesma a todo instante,
praticamente em tudo que miro. Porém, o que mais me faz falta é justamente a
inocência perdida que me permitia acreditar em heróis narrados em histórias
infantis. Heróis tão ficcionais e ao mesmo tempo tão reais.
Em meio a tantas histórias, a que
mais me chamava a atenção era a de Robin Hood – que roubava dos ricos para dar
aos pobres... Robin Hood herói ou anti-herói?
Aprendi desde cedo que roubar é
errado, mas no caso de Robin Hood havia uma aura de caridade em tentar diminuir
o abismo social entre os mais favorecidos e os bem menos favorecidos... Talvez
ele fosse um anti-herói, mas para mim era um herói.
Hoje, adulto, vejo que algo
aconteceu na sociedade, na história, no tempo... Algo que mudou o nosso trajeto
na linha da evolução. O que era mito passou a ser real, passou a ser vilão e se
multiplicou no país do carnaval...
Atualmente, roubam dos pobres
para dar aos ricos. Corrompem e são corrompidos. Fazem de tudo para ter poder.
Não têm coração e muito menos consciência... Sacrificam os seus pelos seus
erros. Assaltam em tudo: roubam em impostos, taxam o seguro-desemprego, desviam
recursos da Educação, devastam a Previdência. Apoiados por parte da mídia, com
combinações secretas na calada da madrugada, desviam a cada dia o rumo da
Ética, da Justiça, da Ordem, do Progresso, enfim, do nosso itinerário.
Quem a cada dia destrói o Brasil
de modo tão vil e arbitrário, não se espelhou em Robin Hood, mas no seu espelho
ao contrário. Nunca soube o que é passar necessidade, o que é ser escravo do
trabalho, o que é sobrar mês no fim do salário...
Espero que esta fábula moderna
assustadora passe num piscar de olhos e que um dia possamos sonhar como
criancinhas que em meio a fantasias descobrem aos poucos o sentido da vida.
Particularmente, acredito que a vida só pode ter sentido quando procuramos nos
manter vivos através de nossos sonhos, de nossos objetivos e de nosso
aperfeiçoamento constante enquanto seres humanos... E isso inclui pensar no
próximo – e não apenas no próprio umbigo.
(Igor Veiga / PERIGOR)
Comentários
Postar um comentário